O bocejo faz lembrar que é madrugada. Mas não tenho esperanças de dormir. Gritos, choro, cheiro de álcool e tristeza. Uma mistura de soro e angústia. Em um hospital os dias são exaustivamente longos e as noites parecem intermináveis.
Daqui a algumas horas amanhecerá. O sol vai nascer anunciando um novo dia, mas aqui nada de novo. As horas não passam, elas se arrastam de forma lenta como em um relógio paralelo, onde os segundos duram horas. Aliás, esse lugar é todo estranho, super lotado, com um monte de gente de branco “colando”, costurando e furando pessoas pra todo lado. E eles conversam e brincam como se fosse a coisa mais natural do mundo.
É estranho e doloroso. A cada maca, jogada no corredor, uma vida. Um ser que sente. Alguém que grita e sofre. Geralmente junto a esses leitos improvisados, uma cadeira velha, uma mãe ou esposa, um pai, ou irmão. Um alento, uma ajuda para amenizar a dor e a solidão dos pacientes.
“Pacientes”? Isso é quase uma piada [de mau gosto].
Um hospital é um campo de batalha. Vida e morte ficam tão perto que o simples fato de estar aqui ADOECE!
No PS: gritos, dores e angústia.
Em mim agonia, silêncio e saudade.
A solidão traz devaneios, ânsias e dor...
[Prescrição médica] Resgate de boas lembranças.
Brasília-DF, Hospital Regional de Sobradinho, 18 de julho de 2009 – 04h45min.
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